A folha está branca... vazia. Os meus olhos detém-se na ausência das palavras que ainda não chegaram...
Voam letras do meu pensamento, um turbilhão de fantasias que se acerca em rodopio até às pontas dos dedos... incorporam-se ávidas no lápis azul que desliza suavemente, libertando as palavras que se vão acomodando confortavelmente na sala do sonho.
Melodias de sentidos aprimoram-se em metáforas desfilando no palco branco de papel, dançam jubilosas sensações na coreografia das brisas inventadas.
Vislumbro o teatro do sonho e percebo a solidão dos instantes de papel. Tristeza a minha...são afinal meras palavras que não deviam ter florescido no jardim débil do meu ser... Apago-as, com a vassoura da Razão. Desmorona-se a utopia, fogem sílabas inquietas, resquícios de saudade num tormento alucinante... folha amarrotada num amargo sentir...
Por fim rasgo um sonho de papel... e escondo as folhas brancas.
Fanny