o Inverno, de mansinho volta,
no redemoinhar das folhas amareladas por sobre pedras de calçada
e no levantar das aves soltas dos bandos em sobressalto…
o sino toca
as cinco horas, na hora (in)certa do campanário da igreja.
branca a igreja
e as horas, outras, de palidez esquálida.
agitam-se as mãos e os olhos turvam
em conspiração d’afectos
retorcem-se em falanges e nódulos
retraem-se em fúrias
em gestos parcos -
na filologia d’acenos glóticos
agitam-se
tal bandeiras
de fímbrias rotas
e líricas
e harpas.
dedilham-se
sevilhanas em palco de saltos altos.
coreográficas
bambaleiam as ancas nos fundilhos de calças, em napas de cadeiras.
…angústia insana
de quem não sabe de si senão o espanto
de saber espantalho de seara em campo a descoberto
varrido por refúgios de ventos.
searas outras
e vindimas provectas em que as uvas e as papoilas
burilavam esperanças em ramos de violetas
e se urdiam madrigais
e fados
nas bocas sequiosas das cantadeiras…
e, o Inverno, de mansinho volta, em lágrimas de pássaros em bandos
e vozes que se ecoam torácicas, em peitos, em (an)seios
em preitos,
sublevadas em meneio,
cansadas de mudas, cansadas de tão roucas…
MT.ATENÇÃO:CÓPIAS TOTAIS OU PARCIAIS EM BLOGS OU AFINS SÓ C/AUTORIZAÇÃO EXPRESSA