“A minha alma só canta a sepultura,
E nem última ilusão beija
E conforta meu suarento dormir...”
(DE AZEVEDO, Álvares. Lira dos 20 anos)
NO ABRAÇO DE UM ANJO
(Davys Sousa)
Outrora da carne combalida se enluta
O arfante coração à lânguida alma
Num noctígeno desvelo nessas noites
Sem abrigo ao sanguinolento hábito
De adormecer – esta ignota senda e sorte.
Lançaste, Ó alma aos langues campos
De toda a existência abrupta.
Nesta abulia da vida, causaste a morte.
Ó maldita! Espírito maldito, esse verme
Que roga da má fé e atira-me
A acerba punhalada que detém
As místicas venturas humanas.
Sonho? E quando acordar, hei-me
De eximir tais confrontos sombrios
Ao negro e frio abraço de um anjo,
Bella furtiva em meus sonhos ébrios.
Sonda-me com tuas asas toda a imensurável solidão.
Tu, nobre e gentil alma que me anima.
E quando fores me consolar, Ó belo anjo
De minha despedaçada alma, rompirás
A alvorada dispersante de meu naufrago-sonhar.
Davys Sousa
(Caine)