“A morte, esse inverno...”
(SHAKESPEARE, William, A famosa história da vida do Rei Henrique VIII, 1612-1613)
INVERNO DE MINHA ALMA
(Davys Sousa)
Em mórbida e vasta solidão se esconde um homem
Em sonhos vãos e perdidos, e tu, fantasma cruel, lamentaste
Nas lamúrias da frágil carne e alma, carregaste
O fardo prepotente de tua existência?
Eis, truculento e cruento, o relâmpago tenebroso de minh’ alma
Que se espalha por toda contingência calma
De meu espírito. Sofro, assim, até o fundo de minh’ alma.
Ó Celebre Anjo, extraíste das sombras
O lampejo da noite, e dele, mostraste os fantasmas
Que no âmago de minha lembrança, deixei.
Tu, agora, fizeste parte de minha designação,
Sangraste com meu sangue,
Suscitaste a minha expiação,
Roubaste toda a minha vida.
Regeste, implacavelmente, o inverno DE MINHA ALMA.
E me envolveste nas sombras eternas
Ao teu abraço e asas ermas,
E aqueceste-me o cerne de uma lágrima.
Davys Sousa
(Caine)