Poemas :
Tocar o céu a partir do inferno (Parte II)
(Parte I Ler Aqui )
O mito não estava correcto.
Toquei o céu e bati no fundo,
E fui em direcção inferior,
De olhos bem abertos em direcção ao paraíso.
A queda começa, forte e rápida,
Como quem desce escada rolante
E a faz a subir, fuga lenta
Para o destino célere dos infernos.
A mão esticada já se avista pelo meio
Da névoa tóxica que me rodeia.
Os olhos ardem e fecham-se
Na última visão que amaram.
A minha mão esticada
Já toca bem no fundo do covil.
Sento-me histericamente
À espera da pena mais vil.
Abro os olhos em choque,
E chocado fico com o que vejo!
Vejo exactamente o mesmo,
A imagem do céu nos infernos!
Visão angélica de forquilha
Que me surge de rompante,
Em simetria ao que já vi,
Dá-me a noção que nada perdi.
Qual será a visão real?
Terá de ser uma delas,
Infernalmente paradisíaca
Ou abençoadamente ardente…
O céu pode ser o inferno.
Por analogia, acredito no contrário.
Sei que vi a mesma imagem,
E estou bem em qualquer um dos locais.
15 de Novembro de 2008
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