Tocar o céu a partir do inferno
É esticar a mão o mais que podemos
E olhar para a luz que vemos
Com o corpo consumido em chamas.
É respirar o fumo tóxico
E quase tocar na pureza,
Ficar a um passo do abismo
Da felicidade e não cair.
Estico a mão o mais que posso,
E olho para a luz que vejo,
Visão profética da perfeição
Inacessível ao toque.
Com a mão tangente à visão
A fugir de novo para o inferno,
Vejo e olho e observo
A profecia pela última vez.
Fica a lenda, fica o mito
De quem tocou o céu sem tocar,
Ardeu no inferno sem lá estar,
E acima de tudo viu a perfeição pelos seus próprios olhos.