Poemas -> Saudade : 

Um ano de solidão

 
Hoje é completo um ano de solidão
na contagem cósmica de um espírito pagão.
Que, sondando o infinito, perde os anos
sempre buscando, uma simples explicação.

Não, não quero choro. Muito menos festa.
Comemorar com alegria, saudades, expressa.
O caminho foi traçado, não foi pontilhado
Na ligação que compõe essa peça.

Não queria me alongar, nem mesmo comentar
Mas qual o motivo de não registrar
ao menos compartilhar, um fardo, hoje leve
trancado numa gaveta interna a plasmar
a marca negra numa alma que tenta brilhar.

Ah! Como é fácil mascarar. Manipular.
Passar desapercebido sem se apegar.
Preso numa invisibilidade vazia a cantarolar
Solidão, saudade, vazio, buraco aberto
no céu descoberto sem uma única estrela
o caminho iluminar.

Não, não é preciso cantar, nem festejar
este aniversário é de pesar. De pensar.
De meditar. De comprovar.

Venha. Vamos saudar, companheira saudade
com um grito de liberdade, uma única certeza
promíscua, infundada. Que sou feliz!
Pois não há apego, não há fronteiras
Não há carinho, não há maneiras
de sonhar em paz contigo solidão, meu bravio cão.
Que trago junto a coleira
invertida já que me guias
a cantarolar, com a saudade companheira:
Parabéns a você, muitos anos de vida.
Bem dita, pre dita, sem fita.
Que amarre num presente.
A felicidade que um dia foi presente.

Ah como é boba a nossa ilusão.
Que, no vício da solidão nos faz ver
somente o bom, em recordação.
Felicidade não existiu. Foi uma quimera.

Saudade. Solidão. Vivacidade.
A loucura de alguém a comemorar 1 ano
de saudade, na mais profunda felicidade
de sua eterna companheira lua.


Oh ego Laevus!

Esse poema é mais uma nota pessoal do que um texto que deveria ser publicado. É um conjunto incessante de perguntas e respostas dadas por dois lados de um mesmo eu. Quem sabe um dia, encontro a saída deste meu próprío labirinto onde me perdi.

Enfim, fica o registro. Um ano voa. No paradoxo do tempo que é eterno, mas nunca suficiente. E tão rápido quando estamos felizes, ou descontentes.

Vai entender. Nem mesmo a nós mesmos fomos capazes.
Enfim. Registrado.
 
Autor
Raul de Oliveira
 
Texto
Data
Leituras
931
Favoritos
1
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
11 pontos
1
1
1
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 26/03/2021 12:55  Atualizado: 26/03/2021 12:55
 Re: Um ano de solidão
Magnífico poema. Abraços poéticos!