Selo,
papel,
tinta,
um pouco de carne e de pele
e qualquer sentimento em pêlo
que se sinta...
Envelope sem janela,
remetente,
destinatário,
um aroma diferente,
cera de vela,
o pó do armário.
Correio,
carteiro,
moradas,
nas tuas mãos inteiro,
mais desvio, menos desvio, em cheio...
monte de letras alinhadas.
Dedos,
pupilas,
pensamento,
leituras em voz alta; argilas
de esculturas e segredos.
da saudade, alimento.
Sou fiel ao ardor,
amo esta espécie de verão
que de longe me vem morrer às mãos
e juro que ao fazer da palavra
morada do silêncio
não há outra razão.
Eugénio de Andrade
Saibam que agradeço todos os comentários.
Por regra, não respondo.