Por que nos casamos?
Há inúmeras respostas a esta pergunta: para ter uma família, para ter uma casa, estabilidade, “construir algo”, assumir um filho não planejado, satisfazer carências, fugir da solidão, “arrumar uma empregada que também seja uma amante” (eca!), “achar um idiota que me sustente financeiramente” (eca novamente!), para ser feliz, para ter sexo com mais liberdade(o que não necessariamente traz qualidade), para dar satisfações à sociedade...enfim são infinitas as situações.
A verdade é que não pensamos muito sobre estas coisas; nem sei se realmente deveríamos. Para cada um o casamento tem o sentido da circunstância que vive naquele momento; tem muito mais a ver com o próprio estado de consciência de cada um do que qualquer outra coisa. Nesta linha de raciocínio, o matrimônio pode ter um sentido diverso entre os casais, por mais estranho que isto possa parecer.
Casamento quer dizer união, enlace. Pressupõe intimidade, companheirismo, conjugação de objetivos e desejos, reciprocidade, sintonia. Infelizmente nem sempre é o que presenciamos e vivenciamos em nossa vida diária.
Duas pessoas tão diferentes que se unem em uma vida comum têm muitos obstáculos para manter uma união de forma saudável. Filhos para educar, contas para pagar, reformas a serem feitas, doenças que precisam ser vencidas, desemprego, fragilidades sonhos que ficam ao longo do caminho...são duas pessoas unidas com seus próprios universos para administrar. Criaram um ponto de interseção entre si e tentam administra-lo de melhor forma possível. Em suas constantes mudanças, muitas vezes a interseção não mais se faz....outras vezes, um universo se sobrepõe ao outro e em outras, as circunstâncias da vida os unem de tal forma que não imaginam-se longe um do outro.
Valores são incorporados e outros se vão...outros são meramente suportados.
Em tudo isto há um ponto em comum: seja qual for seu interesse, você sempre estará em busca da felicidade e, sinto muito em dizer, você jamais a encontrará...pelo menos não dentro “deste” sentido.
A felicidade são momentos e o verdadeiro equilíbrio que somente a verdadeira paz nos traz é o único meio de podermos perceber estes momentos e aproveitar o máximo que eles têm para nos dar.
Mas, até o momento, não tratamos do sagrado sentido do casamento.
Há pouquíssimo tempo este conceito mudou muito dentro de mim. Na verdade eu nem considerava o casamento como um sacramento; mas meu entendimento mudou.
A despeito de toda esta realidade que vivemos, de todo o processo evolutivo que somos levados a experimentar através do auto-conhecimento, há um sentido todo especial que une fortemente as almas através dos milênios: o verdadeiro amor. O amor fraternal, o amor descrito por Paulo em sua carta ao povo de Corinto ( I Coríntios, Cap.13 V.1-13). Este amor é capaz de tudo. Que dá a vida e renuncia a seus próprios desejos em favor do ser amado. Vejam bem: não é uma questão de obsessão ou falta de amor próprio. É simplesmente a própria essência do desapego.
Depois que este conceito desenvolveu-se dentro de mim, outros fizeram-se ainda mais presentes: a questão da castidade(no sentido da preservação) e a própria questão da fidelidade, mas não esta vista de forma banal com todas estas palavras chulas gestos vexatórios. Senti a fidelidade como uma forma de respeito ao sagrado sentido do amor.
É como seu o meu corpo fosse um templo onde uma única pessoa pudesse penetrar; não há mesmo muito sentido em dar a outrém o que não lhe pertence. Neste caso, o sexo passaria de mero foco de prazer à veículo de iluminação. Não conheço muito sobre o Tantrismo mas acredito que tenha este pensamento como base.
Quando encontramos o sentido do amor em nossas vidas, tudo se abre à nossa frente.
Aqueles que têm o privilégio de encontrar alguém para amar desta forma podem considerar-se efetivamente abençoados.
O amor se faz e se instala independente das circunstâncias. Ele é como a água que desliza sobre qualquer superfície...é como o ar, indispensável aos nossos pulmões, é como o fogo que nos queima de desejo, é como a terra que planta nossos pés nos ensinamentos...enfim, ele é o ÉTER que nos eleva rumo ao infinito.
Faze o que tu queres será o todo da Lei.
Amor é a Lei. Amor sob Vontade.
Sugiro aqui uma breve reflexão sobre uma das vivências mais importantes de nossa vida: a de estar casado. Será esta apenas uma condição social ou terá ela um significado mais profundo?