A minha mão que falha
No momento em que escrevo
Por tremer, por sentir angústia.
O que é isso: esse amor que me rasga,
Me estupra,
Trazedor das coisas, todas,
Que há em mim?
Que angústia é essa,
É sua ou minha?
Sua dor, minha dor
Uma trança mórbida e apaixonante,
Desejo dilacerante de sexo,
Necessidade brutal de carinho.
Um medo, meu medo.
Será medo em você também?
Meu amor, meu amor é tudo,
Uma balsa que me embala em meu naufrágio eterno.
Eu que não sei o que fazer com ele,
Eu que não sei te dar que há em mim de tudo.
Toda dor que eu sinto é você.
És tudo que há em mim,
É o prazer de estar,
De não me obrigar a nada.
Uma página inteira de textos
Seus segredos têm calibre doze.
Sua voz, um mantra
Que me afunda no mundo.
Uma profundidade insana que se esvai.
Para quê pálpebras
Se você está, também,
Onde tudo é escuro
E faz vir a mim
E de mim
Uma lança enorme de desejos
Medos, muco e secreções apaixonadas?
Minha amada, não tenha dúvida disso,
É você quem eu quero e temo
Que me condena a persegui seu cheiro.
Seu perfume novo
Já está aqui!
E surge em todos os cantos e cômodos
Como um carrasco de máscara negra
Que com seu machado me corta
E me desperta do sonho
Que me acorda
De minhas perseguições terrenas.