Deixa-me,
Não dormirei mais amanhã
Deixa-me agora que vivo
Dormir então mais um pouco.
Dos meus olhos em buracos
Não sairão mais mofas penas
Em pedaços,
Como agora,
Feitas trapos enrolados
Em anestesias de sono.
Deixa-me então mais um pouco
Cansar emoções de mil passos
Não vividas por cobardes
Ou falta de circunstâncias.
Não vês em mim um só corpo
Que precisa de sossego?
Deixa-me então em silêncios.
Em ondas de dor abafadas
Em almofadas dobradas
Torcidas por pesadelos.
De meus olhos em buracos
Não sairão mais amanhã
Nem gotas de sal saturadas
Nem imagens de luz projectadas
Nem sombras de meu ser poente.
Deixa-me então, lentamente
Viver meu sonho doente
Ser livre, ser só, ser sofrente
Pois não dormirei mais amanhã.
cruz mendes