Fechei os olhos e deixei-me envolver pela penumbra da noite que chegava, arregacei as mangas da camisola e encostei-me na parede de granito que por trás de mim se erguia altiva, num muro de sonhos idos, num mundo de verdades ocas, onde o silêncio que inspiro incomoda.
Vens com o vento que tarda em fazer-se notar, vens ligeiro, leve, breve como só tu sabes, arrepiar-me a pele na calmaria de longos toques, toques exactos, entregas-me o tanto em segundos inquietos.
As tuas mãos escondem sonhos de nós dois, momentos divinos que partilhamos nas breves exactidões do sentir, as tuas mãos carregadas pelo suor do meu corpo que só tu conheces de cor.
O teu corpo tatuado pelas melodias do meu, orquesta dissimulada essa que ecoa pelo sentimento que me alcança, sons de mil cores perfumados pelo alvorecer, timbres celestes e precisos no transeunte amor.
Abro os olhos e deixo-me envolver pela realidade submersa que me descobre, verdade efémera essa que alcancei...
. façam de conta que eu não estive cá .