A rapaziada comprou um bilhete
Só de ida para a cidade das luzes.
Lá me convenceram a partir
Sem saber bem para onde ir,
Só com o bilhete na mão.
Chegámos ao inferno ainda antes
Do sol começar a descer.
Estava um calor dos diabos
E o bilhete já tinha partido.
Deixem-me dizer o que por lá vi.
Havia homens e mulheres
E crianças também,
Velhos não vi, mas também
Estava muito calor para eles.
Muita gente encostada à parede
Pela avenida fora,
A rapaziada andava doida
E o sol já se ia embora.
Estava capaz de jurar que vi Satanás
Lá no meio daquela gente,
Massificada e petrificada
Pelos ímanes não magnéticos
Da parede da única avenida.
Estava capaz de jurar que vi o Diabo,
A fumar Português Suave,
A provocar a rapaziada a partir
Da parede não magnética que atraía tudo.
Cinto largo a cair pela cintura,
Cornos bem escondidos no cabelo,
Roupa saída de uma pintura,
Piada subtil para quebrar o gelo.
Estava capaz de jurar que vi um ser
Diabólico, talvez feminino,
A devorar cigarros, a devorar a parede
Magnética a que todos se agarram,
Na cidade das luzes que só tem bilhete de ida.
8 de Novembro de 2008