Criança querida,
Comigo vive a brincar.
Onde está minha amada?
Será que fora pra nunca mais voltar?
Não me assustes danada,
Isso não é hora de traquinar.
Não sejas tão retada,
Prometo te acalentar.
Não me deixes aperreada,
Escutas o meu falar.
Sejas comportada,
Não demores a retornar.
Criança malandra, acanhada,
Vive sempre a sonhar.
Corre com a molecada?
Ou está a labutar?
Não vês essa pobre coitada?
Te amas sem hesitar.
Não queiras me ver cansada,
Minha pequena, de ti quero cuidar.
Não vês malcriada,
Que meu fado é te amar?
Tão ruim é essa estrada,
Que preferes abandonar?
Criança, sejas minha aliada,
Venhas comigo morar.
Não me rejeites levada,
Sabes, aqui é o teu lugar.
Não queiras me ver aborrecida,
Pois, o bicho pode pegar.
Quem disse com almofada,
A dor pode amenizar?
Não queiras a balaustrada,
Do navio em alto-mar.
Partistes em retirada,
Devo-te esperar?
Criança desejada,
Cansei de chorar.
Quer saber malvada?
Chega de lamentar...
Preta
07/11/2008, às 02:05
"Poeta é o que tira de onde não tem e bota onde não cabe."
(Pinto do Monteiro)
À minha querida criança. Àquela menina de olhos esbugalhados que ainda está em mim, mas que por vezes, me foge...