Eu vou voltar à luta,
desbaratar de novo o esqueleto
num ímpeto que já vivi
escancarando paixões.
Eu vou levantar a cabeça
louco de mágoas,
humilhado de raivas
que sinto pela vida
mas não quero!
Eu vou calar o frio do momento
e sem véus na palavra
emaranhar pela luz do afecto
e singrar beijos dela,
... amar sem peias nem freio.
Eu vou com os olhos
colorindo as mãos,
na força dos motores...
e o meu alarido acordará a terra
e os mares mais dormentes,
e os chãos mais desacreditados.
Pelo debalde da luta
regarei os sóis dos meus meandros
com as saudades que tenho por dentro.
Eu vou voltar à luta
e não há quem me demova,
albardo a alma
com selins de esperança,
e de rédeas ausentes
farei tremer de inquietude
as verdades da vida
e domando o espasmo da ânsia,
à meia-luz da carne
cintilarão noite e dia
as estrelas dos corpos enamorados.
Eu vou tornar a aprender
o espaço das horas, as distâncias
partir das origens,
onde o sangue se soltou, ontem
... com o coaxar dos olhos
sei que dormirei a desarmonia
dos instantes mais lembrados,
perderei a graça, angustiado
e que a cada passo, nas bermas
dançam flores do dia antigo.
E é tão belo ver as feridas
mais profundas ganhar cor e sorrisos!
Eu vou voltar
ao lugar que era meu!