O que querem as pessoas deste mundo?
O cheiro enfadonho da guloseima tecnológica?
Ou o frio ganho comensal,
Sem o infortúnio da dúvida,
Sem o ardor da conquista,
Que, às vezes, mutila o corpo,
Mas nunca a alma?
Oh! Ser humano mesquinho!
O que quer do mundo,
Desfazer meus sonhos?
O que quer o homem,
Em sua insana luta por adquirir
Um pedaço do mundo?
Quem sabe proteger
Seu corpo perecível
Da podridão do tempo!
Que interesse tem em ser humano,
Em ter nome em praças,
Em esfinges cinzentas,
Em fórmulas malignas,
Insígnias de algum caótico feito?
Imortalizar, talvez, a mediocridade.
Que o acompanha, como se fosse qualidade,
Em todos os seus dias.
O que faz o ser humano
Comportar-se como abutre,
Ao dilacerar as entranhas do amigo
Só porque apodreceu
Num mundo que não era o seu?
Por que sonham os homens
Com a mesquinha segurança
De um lar bolorento,
De um emprego bem remunerado
De um prato de ração rançosa,
Que mais infla o ventre
Do que dá prazer?
Por que você homem comum,
Espantalho de carne e osso,
Não gosta de sonhar sonhos impossíveis?
Não sente nada pelas batalhas que foram perdidas?
Por que não acredita que existe
Algo a que dedicar à vida,
Algo que não corrompa a alma,
Algo que não prostitua o espírito,
Que não deixe no dia de partida
Um gosto amargo de passado?
Por que não posso, em tua companhia,
Ser livre, ter fantasias infantis,
Ter ideais que não são de ninguém,
Ter vontade de sorrir com o sabor
Alegre das pequenas descobertas,
Criar uma poesia colorida e rebelde,
Que tenha em suas estrofes descabidas,
Um gosto selvagem e cruel de liberdade?
Queria, hoje, desafortunado companheiro,
Espalhar aos quatro ventos
Meu canto insano,
Meus versos indecentes,
Meus projetos impertinentes,
Nesta viagem clandestina.
Queria, também, companheiro,
Ver-te livre de todo egoísmo,
Ver-te livre de toda injustiça
Que trazes na alma,
Doar-te um pouco de sensibilidade,
Que te devolva um pouco de prazer,
Do simples prazer,
Que se tem ao auscultar,
O pulsante e vigoroso coração,
Que existe em tudo que te cerca.