Sinto o teu silêncio, neste frio arrepiante.
Não encontro o lugar, onde o calor aquece.
Vem até mim em pura névoa, esta noite.
Vem aquecer este lugar que não desperta emoções
Prometo que escuto a tua voz, as tuas palavras.
Vem beber comigo, a tua sombra aquecida,
No fogo da lareira que arde dentro da alma.
Juro, não, não juro, eu jamais te abandono.
Vem, para que a tua ausência não embacie
O vidro da minha memória, nem transforme
No baço espelho dos meus excessivos olhos.
Vem com calma, com os teus lábios ao de leve,
Traz-me um beijo vestido com o luar da noite.
E leva contigo a maré cintilante da manhã,
Onde os teus sonhos se tornam náufragos,
Da minha imagem flutuante no mar de estrelas.
Tanto, tanto eu tento aceitar os desencontros.
Incapaz, fico dançando com uma breve carícia,
E afasto-me de ti sem descobrir o que há para encontrar,
Agora contemplo uma noite fria, vazia.
Partilho com o nada a partida das palavras desabitadas,
Levadas pelo vento, que tão perto nos juntou.
E aqui estou, sem encontrar o lugar onde o amor se forma,
Apenas fiquei com os pedaços de uma memória,
E sempre que eu, nesta noite fria, os queria colar
Havia um ou dois, que era levado pela embriaguez,
Ficando só com o branco transparente da tua imagem,
Desenhada, pela saudade, na tela do escuro da noite.
E fiquei sem encontrar o lugar onde o amor finda.
Fala-me de ti, corta-me este silêncio ensurdecedor.
Afinal eu não queria encontrar o lugar onde se forma a dor.
© Direitos Reservados