Tempo obscuro de vozes agoniadas
Rastejam pelo esgoto da humanidade
Sopram pelo horizonte rasgado
Que lhes quebrou mais um sonho.
Nas memórias as vozes alegres
Quando o céu ainda era azul
E o amor era palavra do dicionário
E um beijo um acto do quotidiano.
Mas o mundo escureceu lentamente
Devagar tudo esmoreceu e apodreceu
As bocas cicatrizaram na mentira
Os corpos, carne moribunda do além.
Assim desaparecemos na podridão
Envenenados pelo sangue que derramamos
Assim é lembrada a raça humana
Pelos olhos vazio das crianças que hoje não brincam.