Escrevo-te ao som do corpo que geme, que grita teu nome em prantos suaves de um carmim intenso. Escrevo-te neste livro branco cheio de folhas vazias, como se desenhasse teu corpo em devaneios e loucuras. Nesta carta expresso-te o meu amor, ardor intenso que meu corpo em chama projecta no astro. Firmamento iluminado por mil sois, estrelas cadentes, fulgentes que em minha alma se acendem.
Abro o meu peito, feito de magia, enfeitado de letras e frase em que a loucura me banha o limiar dos sentidos, como se quisesse aqui prender-te toda a noite, na magia e no encanto destas frase que lês, re-lês e escutas como ecos distantes da minha própria voz. Escolho os sons que gostas de ouvir, momentos intensos em que te consigo despir, apenas e só com o pensamento, com um suave tormento, arrepio intenso da tua pele desnuda que em meu texto transparente se deita e se entrega no êxtase do nosso amor.
Escrevo-te esta carta com o amor que nos temos, com a vontade que a vida nos nega mas que os sonhos permeia. Sentimo-nos nestes momentos, em que as folhas escritas por nós nos chegam, aconchegam o peito, e exaltam os corpos em paixões assoberbadas, noites caladas no silêncio dos gemidos, sentidos abertos, corpos perdidos. Entro em ti, como se trespassasse o tempo, penetro -te o corpo, e sentes-me dentro, como se fosse exactamente como te escrevo, com a intensidade de um verso, com a força de um parágrafo inteiro que te acaricia os seios e te transtorna a líbido em ondas de um prazer absoluto.
Esta é a carta que te deixo, escrita em todos os tempos, numa linguagem ancestral que todos entendemos. O envelope onde te envio é a música que teus sentidos escutam, e ainda a noite vai alta quando me sentes chegar, para te abraçar com se fosse um livro onde te fecho dentro.