O Outono inventa as suas folhas na palma da minha mão: somos amigos. Abrimos as folhas e agarramos o tempo. Ensinamo-lo a andar, a voar. O tempo regressa à folha, enquanto o Sol se perde nos labirintos que os teus dedos constroem na atmosfera circular. Dizes: é tempo de partir. No espelho, é Domingo. As flores caem no chão, aberto, e sobre a cama, desfolham-se os amantes em sorrisos imaginados. Olhamo-nos, dizemos o absurdo sem pensar que amanhã será outro dia. Esmorecem as dúvidas. Calas-me a boca com os teus dedos. Continuamos sem pensar, apenas porque é desnecessário, apenas porque não a queremos entre nós, a pergunta que adormece sempre sem resposta na sombra dos teus lábios. Amámo-nos desde sempre, não foi? É tempo de o saber, é tempo!