Fundas pegadas na lama sem vida
expurgadas de amor e piedade,
tecem franjas numa rota perdida
eivadas de ódio cheias de maldade.
Na nudez cega do próprio deserto
onde as tempestades ecoam ventos,
resvala a intempérie do ser desperto
pela força do mundo e seus lamentos.
Nas crostas duras dos pés pesados
descansam as léguas duras do mundo
que no arrastar dos sulcos gretados
levam feridas de um corpo moribundo.
Na pedra tosca, gelada e densa
dorme um corpo como em fofa cama,
cobre-o uma manta escura e extensa,
tapando as pegadas da vida de lama.
jose rafael