Senti de novo a caneta
nas curvas das minhas mãos.
Lentamente permitiu-me
acariciar as suas intimas formas,
como quem acaricia volumosos e rijos seios
até ao ponto em que ela se vem e se exprime.
O clímax no toque deslizante no papel
a percorrer letras em êxtase nos corpos:
as mãos, a canetas e o papel,
trio gritante em espasmos incontidos,
saudades de toques loucamente envolvidos.
E assim quisemos permanecer
apenas a experimentar o súbito sentir do ser,
sem tempo e sem a violência do vento
Sem medo de errar, sem medo de amar...
As palavras irresolúveis ao amor
ardem agora sobre as curvas redondas da caneta
e aquecem as mãos de desejos;
as dúvidas esgotam-se na resposta
vinda do silêncio em calma
dos dois corações em saudade:
o meu e o dela em grande vontade.