SOBREVIVÊNCIA
(Jairo Nunes Bezerra)
Passo e olho para o bar que ela atenta vigia,
Vejo-a no seu vaivém rotineiro...
Traz uma garrafa cheia... Leva uma vazia,
A vontade é de apertar o seu corpo inteiro!
Fatigada e triste do trabalho é escultora...
Executando com afã a função que escolheu,
Podia ter optado pra ser uma hábil doutora,
Ativando a inteligência que Deus lhe deu!
Mas tal não aconteceu, ante a sensualidade,
E atraente e jovem, prevaleceu à fecundidade,
Que lhe trouxe vários rebentos!
Noto, às vezes, lágrimas povoando seus olhos.
Tais espinhos dos abrolhos
Fustigados pelos ventos!