É numa memória chorada que penso,
Quando me sento propenso
A deixar a alma ao relento,
Num terrível imenso
Saído de pobre senso...
Pobre e sem provento.
Não é choro denso,
Nem copioso, nem lento
Aquele que sai por rebento
De olhar tenso, denso,
Natural de reles sofrimento
Que por imo, é quase bento.
Pede-me então por talento,
A mão que adula com incenso
Uma réstia de alento
Perdida debaixo do róseo lenço
Que me impede por um momento
O sangue de se lançar ao vento.
Então, escrevo-me por extenso
Num livro contínuo e intenso
Em que nem ao tempo venço
Mas, mesmo assim, ainda o tento...
E quando penso que o convenço
Corre-me como um nónio atento
Medindo os minutos que invento
Em momento deserto e atento.
Valdevinoxis
A boa convivência não é uma questão de tolerância.