Efectuo devagar,
tão devagarinho,
que oiço o mundo gritar:
despacha-te um bocadinho!
Mas se corro depressa
caio ao chão...
Vou devagar, ó meça!
Não quero cair, não.
Tento ser perfeitinho
e fazer as coisas bem.
Mas em vez de carinho
só recebo desdém!
" Não sejas tão lento!"
é o que mais ouço...
E tentar, até tento;
fico no fundo do poço.
Triste.
Mas custa-me mudar de velocidade;
queria saber se existe
limites para a maldade...
Mas atinjo a perfeição
que é a inimiga da pressa,
sempre com a educação
expressa...
Sou fiel ao ardor,
amo esta espécie de verão
que de longe me vem morrer às mãos
e juro que ao fazer da palavra
morada do silêncio
não há outra razão.
Eugénio de Andrade
Saibam que agradeço todos os comentários.
Por regra, não respondo.