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LAS CALLES DE UNA HERIDA ARGENTINA

 
 
LAS CALLES DE UNA HERIDA ARGENTINA

Viver eternamente a esperar o ente que nunca virá.
É esta a sina daquelas Ondinas da esperança
Que perderam seus amados jardins de Girassol
Em tempestades ainda nada remotas.
Almejar, quando vejam uma estrela cadente cair
Por sobre o soalho da Terra,
Que esta, ao verter, traga consigo senão a notícia de que seu Girassol
Ainda diariamente floresça,
Ao menos, possa trazê-lo,
Mesmo que o seja sob a melancolizante veste das cinzas,
Para poderem inumá-lo, pondo-o, então, dentro da cálida e Refrigerante sepultura das águas altruístas.


Viver eternamente á espera da volta da prole de seus girassóis:
Sim, este é mais um fardo a ser carregado
Pelas caçadoras do mais sublime arco-íris.
Rezar para que seus netos enxerguem
Além da máscara de bondade que oculta a lídima face
Dos discípulos de Medusa,
Querendo, assim, se dirigir á terra pátria
E ancorar seu navio no porto da sua verdadeira genealogia.
Esta é chama que as mantém firme quando a aurora anuncia a Chegada
De um outro dia.










Viver estacionadas no cais da espera da volta
Viver na expectativa de que um dia possa reflorescer
A amarela flora
Viver á espera de que se abaixe sobre si
A gama de raios do sol de outrora
Se preciso for,
Transpor os raios do sol da contraluz da vida
Para testemunhar a colônia de Hitleres-parasitas
Ver-se soçobrada quando verter sobre sua torpe matéria
O fogo da inclemente embora morosa Justiça
Ah, esperar, esperar
Esta é a sua maldita sina!




JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA





SOU NATURAL DA CIDADE DO SALVADOR, BAHIA. NASCI EM JUNHO DE 1982.
NA VERDADE, SOU UM MENTECAPTO QUE TROPEGA PELAS
ALAMEDAS DA POESIA.
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http://poetadorjesse.zip.net/
http://si...

 
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jessébarbosadeolivei
 
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Enviado por Tópico
Tânia Mara Camargo
Publicado: 24/10/2008 15:06  Atualizado: 24/10/2008 15:06
Colaborador
Usuário desde: 11/09/2007
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Mensagens: 4246
 Re: LAS CALLES DE UNA HERIDA ARGENTINA
Jessé quero parabenizá-lo pelo poema,
que grande mente a sua, bem lembrado aqui,
as avós da praça de maio.

Dia 24 de março de 2006, exatamente 30 anos após a instalação de um dos golpes militares mais sangrentos da América Latina, mais de 100 mil pessoas foram à Praça de Maio, em Buenos Aires, para dizer “Nunca Mais” às ditaduras militares e lembrar os desaparecidos durante o regime. O protesto convocado por mais de 370 entidades e liderado pelos movimentos de Mães e Avós da Praça de Maio começou na noite de 23 de março e terminou às três da madrugada do dia 24, hora do início do golpe militar, na mesma data, ano de 1976.
Os chamados “anos de chumbo”, como foi batizado o período entre 1976 e 1983, deixaram um saldo de 30 mil desaparecidos, além dos episódios de tortura nas mais de 600 prisões clandestinas e seqüestros dos filhos de presos políticos, ainda bebês. “Além das 30 mil mortes por desaparecimento, houve as mortes legais, que foram verdadeiras execuções”, afirma o argentino Osvaldo Cogiolla, professor de História da Universidade de São Paulo (USP). “Foi um regime terrorista no sentido real da palavra. Estava ali para infundir o terror na população, apoiado pelos empresários e com a conciliação dos partidos políticos”, afirma. Até hoje, muitos jovens não sabem que seus pais adotivos são “os assassinos de seus pais verdadeiros”, lembra o professor, que foi exilado ainda em 76 por ser militante do Partido Obrero.

O 83º NETO
No início do ano, a organização Avós da Praça de Maio (Las Abuelas) localizou o 83º recém-nascido seqüestrado pelos militares. Hoje, está com quase 30 anos. No entanto, de acordo com a entidade, mais de 400 jovens continuam vivendo com identidades falsas, sem conhecer a verdadeira identidade. A chamada noite da “memória” fez parte de uma lista de atividades que marcaram a semana do dia 24, declarado feriado nacional pelo presidente Néstor Kirchner.
A manifestação na Praça de Maio, a maior dos últimos anos, foi marcada pela divisão dos organizadores. Durante o ato, algumas entidades apresentaram um documento que, além de repudiar os crimes da ditadura, criticou a política econômica do governo Kirchner e protestou contra a guerra do Iraque. O texto afirma que a dívida externa argentina é herança da ditadura e condena a decisão do presidente de mandar pagar, no fim do ano passado, a dívida total do país com o Fundo Monetário Internacional (FMI). Representantes de um grupo das Mães e a organização Avós da Praça de Maio discordaram do texto e se retiraram antes do fim do ato. “Nenhum governo fez tanto pelos direitos humanos quanto esse”, opinou Alba Lanzillotto, integrante de Las Abuelas.
No ato, Kirchner inaugurou também a placa “nunca mais golpe e terrorismo de Estado” e cobrou punição para o ministro da Economia da ditadura José Alfredo Martínez de Hoz. Na véspera do aniversário do golpe, o governo anunciou ainda que tornará públicos os arquivos secretos da ditadura. Ao fazer o anúncio, a ministra da Defesa, Nilda Garré, afirmou que não colocará restrições à divulgação de documentos

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 24/10/2008 15:23  Atualizado: 24/10/2008 15:23
 Re: LAS CALLES DE UNA HERIDA ARGENTINA
Estou emocionada após ler esse poema tão eloquente e doído. Além de ser uma obra muitísimo bem cuidada.
Valeu essa leitura hoje.

Enviado por Tópico
jaber
Publicado: 24/10/2008 15:27  Atualizado: 24/10/2008 15:27
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 Re: LAS CALLES DE UNA HERIDA ARGENTINA
Realmente uma profunda reflaxão sobre um dos periodos mais negros da historia do mundo. sim pk é tb a nossa história. E depois essa explicação da tânia está tb ela de uma profundidade arrepiante.

Um abraço Jessé (e tânia também)

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 24/10/2008 18:28  Atualizado: 24/10/2008 18:28
 Re: LAS CALLES DE UNA HERIDA ARGENTINA
Pois bem estimado Jessé, o poema foi sofrivel ao ler (senti o sofrimento) mas a explicação da nossa querida Tânia clareou-me a intenção do poema numa intensa reflexão e o motivo de ser escrito! Parabéns!
Bjs de paz e luz num lindo FDS!

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 24/10/2008 22:21  Atualizado: 24/10/2008 22:21
 Re: LAS CALLES DE UNA HERIDA ARGENTINA
E que sina meu amigo! Acredito que a espera de qualquer forma é uma sina, independente da causa da espera. Seu poema está metaforicamente fantástico, os girassóis dão um toque mágico e de romantismo idealista.

bjos daqui da tua fã

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 25/10/2008 12:15  Atualizado: 25/10/2008 12:15
 Re: LAS CALLES DE UNA HERIDA ARGENTINA
Este poema empenhado de denúncia dos «Hitleres-parasitas» e dos seus horrores, numa terra que espera os girassóis do fogo e da justiça, deu-me para ir buscar à estante o livro "Religião do Girassol", uma antologia organizada por Jorge Sousa Braga, da editora Assírio & Alvim, onde vários poetas, das mais variadas maneiras, abordam a flor do girassol.

Gostei,

Domingos da Mota

Enviado por Tópico
FatinhaMussato
Publicado: 25/10/2008 12:44  Atualizado: 25/10/2008 12:44
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 Re: LAS CALLES DE UNA HERIDA ARGENTINA p/ jessébarbosadeolivei
E como é doloroso falar e escrever sobre a dor da perda, dos seres queridos e das esperanças, que tantas vezes se escondem sob as cinzas do desalento e da inércia...
Mas a imagem do girassol, nos convida a erguer a fronte e, renovados, seguir adiante, rumo à liberdade e à paz!

Beijinhos de Luz em seu coração,

Fatinha.