Para falar sofre-me a alma,
por calar, me dói o coração;
impopular drama não se filma
- requer recato, ou representação.
Sofridas vidas, vistas no cinema,
seriam do quotidiano lenitivo;
nos distanciando, p'ra termos pena,
e a nossa, saldando falso positivo.
Ofegante, se me aperta o peito;
p'ra fazer cenas me falta o jeito...
e face à estupidez não há genica.
Embargada, a língua se me prende,
por tanta surdez ao grito estridente;
e embotada, o silêncio amplifica.
José Jorge Frade