Amanhã Tudo Acaba...
E tentarei não ficar aos prantos
Por baixo desses mantos
De mórbida melancolia!
Que levou-me onde outrora era tão assustador
Mas somente parecia
Pois era em fato só o cessar da minha dor...
Causaste em totalidade
E agora partes?
“Deixe-me em paz”
Essas foram suas últimas palavras...
Amargas! Ingratas!
Abriste um rombo em meu coração e o deixaste sangrar
Assististe do altar que lhe fiz
Toda minha penúria a gargalhar...
Talvez foi isso que eu sempre quis...
A cada riso
Tiravas-me o que mais preciso
Ou precisava...
Esperança!
Agora só uma junção sem sentido de sílabas...
Saída não há
A quem encontra no vácuo um citoplasma
O vazio preenchendo o nada!
Paradoxo que me completa
Somos o doce azedo...
O barulho silencioso...
A calmaria anarquista...
O amor odioso...
O fim ditoso!
Somos fadados à incompreensão
À eterna lamentação...
Mas por que estou a preocupar-me com o futuro?
Se amanhã nesse horário serei somente um furo
No tempo-espaço
Ilógico esse com minha existência
Pois não há razão que compreenda minha sentença!
De justiça injustiçada
De verdade maltratada...
Extrema sinceridade usei
E completo mentiroso me tornei!
Aleive que um dia será desmentido
Mas demasiado tempo terá se passado...
Em outra realidade já estarei
Tendo diversão?...
Sofrendo do coração?...
Esquecido em outra dimensão!
Motivo não tenho algum para sentir-me mal
Daqui a poucas horas estarei no meu final!
Meu sonho partirá da minha mente
Assim que esse projétil me acertar finalmente...
Assolando tudo que foi meu empecilho
De ser feliz!
Razão minha que é sina
Serás destruída e me deixarás em paz!
Malfeitora fugaz...
Empurra-me na lama e se oculta entre meus ouvidos
Torna o simples ato de respirar algo tão difícil...
Mas serão punidos
Mente e coração!
Unidos agindo para minha estagnação
Mas só em vida...
Só mais uma hora e estarei liberto!
Não posso mais voltar atrás...
E por que voltaria se o que anseio é de certo?
A escuridão que salvar-me vai dessa tua luz
Que me cega, e seduz!
É o momento
Não vou hesitar!
A ti não vou mais pressionar
Para ter sua paixão
Ou ao menos consideração...
Por tudo que fiz por ti
Ao mesmo tempo torturando a mim...
Tudo acaba agora!
Comecei a fenecer no dia em que tive a infelicidade de nascer
Principiarei a sorrir no momento em que falecer...
Inda que todas essas lágrimas se tornassem sentimentos concretos
Que anulasses meu decreto de morte
Mesmo que eu pudesse voltar a ser um feto
Não há mais como voltar pois serei forte!
Não mais adiarei encontrar minha salvação
Através dessa canção que a ti dedico
Esta que acabaste de sair do meu coração
E por ti vai quebrar as barreiras do som
E da morte!
Para te mostrar que apesar de tudo que fizeste a mim
Todas as facadas pelas costas
As torturas que perduram sem cessar...
As amarguras que nunca deixaram meu paladar...
Ainda é por ti que esse pulmão cansado de trabalhar luta
E não há ato que mude essa labuta!
Infelizmente...
Coisas que você não sente...
Pois és mais fria
Que palma minha ao tocar-te a alma...
Que percepção minha ao olhar-te nos olhos
E intuir que não existe “nosso”
Tal como não existe lágrima com razão...
Enfim...
Aumento a música
Deito a caneta
Apago a luz
Penso em ti
Desligo a mim...
Ronaldo Bezzi