Nós, transeuntes diversos
Da travessa sem nome,
Assistimos ao crime do século,
Atónitos, gulosos e passivos.
O sangue jorra para as ruas.
Tenho sangue pelos joelhos.
O meu vizinho também.
Fantástica afinidade, alguns dizem.
Finalmente do nº15 da malfadada travessa,
Sai o fantástico criminoso.
Leva um coração na faca e sangue na boca.
Bato palmas ao justiceiro.
Bato palmas ao benfeitor,
Que mata os pulhas, os trespassa
Para nos purificar a todos.
Glorifiquemos a sua classe.
Só já tenho sangue pelos pés.
Mas ainda vivo no presente
Aquela grande chacina do nº15
Em que morreram os violadores,
Os assassinos, os estripadores,
Os mirones, os corruptos,
Os impuros!
Nós, transeuntes diversos
Da travessa sem nome,
Assistimos ao crime do século.
19 de Outubro de 2008