Poemas :
IMAGEM E VEROSSIMELHANÇA
No chão, a sombra do escritor, que arremeda a imagem
e semelhança do homem como Rodine em seu "Pensador";
é tão muda quanto os devaneios que se escreve e se apoiam sobre aquela escrivaninha.
A sombra baila enquanto a verve trabalha, e quando falta tinta, a sombra pinta com o seu negro, e da falta de inspiração.
A sombra do escritor se sente injustiçada por não ser também aclamada, e ainda de plágio ser acusada.
A sombra do escritor faz o sarau do anônimato, da meia-luz desse quarto, de onde as suas gavetas já pertenceu o escritor cujo os poemas hoje são de domínio público.
A sombra do escritor é só um esboço, um rascunho, um borrão.
É a sua cara-metade sem as maçães ou silhueta.
É amiga da luz como a mariposa-borboleta, e a fiel escudeira nas novelas insones, inexpicáveis e impublicáveis de seus transcritos sentimentos.
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