Vamos jogar este jogo inocente
onde o amor despe e ferve
gulosas extravagâncias do ser
que brotam das lajes
com o calor da sede.
Dá-me a tua mulher
em troca dou-te a minha,
e num arrabalde
vamos traçar as margens
entre o feno e lume
neste jogo de ritmos fogosos
onde os corpos se lavam
em matilhas de prazeres comuns,
gemidos suados debaixo da pele
a aguçar os sentidos frondosos
ora eu com a tua,
ora tu com a minha
ora todos no imprevisto,
presos aos sentidos
a dardejar emoções escondidas
no ventre e na alma.
Vamos brincar este jogo inocente
é o mete e tira
no mesmo brado gemido,
mimam-se sem murais,
acossam-se exaltações
a soçobrarem do sono promísco,
embalde pelo capricho da carne
e amanhã seremos de novo nós,
deglutidos pelo inolvidável,
imaculados.