HÁ ALGO ALÉM DA IMAGEM QUE MEUS OLHOS PRESENCIAM
Não sei explicar,
Mas o olfato dos meus olhos
Sente o olor de algo dúbio,
Emanado da imagem do ato heróico
Que as palavras gratas delineiam, projetam, suscitam, formam.
Subitamente,
Contemplo a velhacaria
A cavalgar no lombo
Das palavras proferidas
Pelos pais da salvação das pobres presas ledas e estarrecidas.
O rei dos amos do eterno infausto gado crédulo
E dos autômatos pedreiros magníficos
Fornece aos exímios artífices
A resplandecente argamassa do indestrutível sofisma,
Transformando-o em paisagem verídica.
Ah, os sedentos devotos da material riqueza
Querem que o teatro da vitória da concórdia
Seja reluzente, cristalino
Para persuadir seu povo
De que a guerra contra os paladinos da floresta alucinógena
É a mais nova abençoada Cruzada gloriosa!
No entanto, vislumbro e descubro,
Quando ao sono sucumbo,
Aquilo que me parece
A verdade, na névoa labiríntica
Da alameda da alienação, oculta:
Fito, nitidamente,
Jorrar, do âmago da floresta
Para o colo dos seus infatigáveis algozes,
Um mar de refulgentes diamantes, ouro como mar volumoso:
Transformando-se em grossos verdejantes
Retângulos!
JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA