“guardei os teus sinais na mão vazia,
como quem faz dos dias companhia da solidão.”
a branca luz do silêncio, da neve ou do desassossego.
a branca luz que me cega, na coragem e no medo.
serei livre de partir nas margens do aconchego
ficarei para sempre preso ao esquisso e ao segredo.
aqui chegados, me sento e descanso
na corrente do verbo, firmo o meu compasso
já não ligo à escala das latitudes,
já não me prendo ao ponto conspícuo
na carta da vida o meu ponto é errante
e o sonho não tem escala, nem selo, quanto mais carta
sem velas e sem navio
orço à face oculta da lua
e rumo à mais recôndita estrela
o horizonte é minha tela
o teu corpo a minha vaga
quem dera que nunca amainasse
e nessa tempestade fosse eu corto maltese
que caminho tão comprido
que terra esta tão seca
de como aqui vim ter não me lembro
de como aqui sair não atino
VEM DEPRESSA A BESTA QUE CONJURA O PECADO
viesse antes a certeza que
comesse a ânsia ao pequeno almoço
e nos deixasse o resto dos dias, como foram sempre os dias
iguais.