Deixo-me estar, sentado, no silêncio do teu olhar. Fico aqui, como que aconchegado das turbulências do mundo. És um ninho, e eu o passarinho acabado de nascer em teus braços. És o sonho, e eu a cama que recolhe todas as noites o teu corpo. És a Lua, e eu a noite que iluminas. Somos a vida, que se cruza sem se tocar, memória inquebravel deste lugar onde ficamos quietos, abraçados a esta tarde que se imortaliza conosco.
Este parêntesis do tempo, abriu-se para nos deixar entrar, como portal cósmico, lugar encantado onde permanecemos eternamente juntos. Atrás de nós fecha-se a porta, não podemos voltar atrás, temos de seguir o caminho que se estende à nossa frente. Suspensos do nada, seguimos o destino etéreo. Como sina pronunciada outrora, como vaticínio de deuses e demónios que outrora governaram este lugar mágico.
Para lá deste conto de fadas, expressam-se todos os sentires em toques de alma, todos os amores são inacabáveis, todas as paixões são fervorosas, intensas. Esse pedaço de instante, entre o sonho e o despertar, é o lugar onde te faço rainha, onde sou teu cavaleiro em corcel branco montado. Tudo isto pode ser apenas um sonho, ou... não!