Toco o escurecido céu com a ponta dos meus dedos,
O céu obscuro e opaco, sem a luz solar e sem luar,
Que inflama o caminho na imensidão tão invulgar,
E, dos meus enganos venho e componho esse enredo.
Toco o estranho céu, sim, com a ponta dos meus dedos,
Impregnado da inércia ausente de qualquer galáxia estelar,
E, na ausência de alor, eu, sóbrio, me pego a sonhar,
E, torno aos tempos em que o meu cerne era o medo.
O medo por deixar o conforto do quente útero materno,
O medo de ver as cores, as luzes, o estado sempiterno,
E, viver na ilusão de uma chupeta e de uma touca.
O medo de descobrir no crasso estímulo que me incita,
O medo de saber que já não sou mais reles um parasita,
E, de sentir o dedo aposto em meu céu da boca.