Coloco-me na penumbra da mais estreita ameia, esperando que detenha todas as setas que me possam ferir. Ouço marchar o exército, está para chegar a batalha de hoje. Encolho-me num calafrio, toda eu coberta pela velha e húmida pedra austera. Sons difusos e sombras imaginárias do que está prestes a surgir paralisam-me todos os músculos, mas não cessa um de pulsar insanamente, gritando o medo que eu tanto desejo enclausurar comigo, na minha frígida e solitária muralha.
Vislumbro fugidia o horizonte, adivinhando com temor o perigo que aí vem. Os passos marcam meus compassos:
Tum.
Tum.
Tum-tum.
Apareces (desabam as muralhas…), lanças num olhar a fatal seta (…sou atingida em cheio…) e segues o teu caminho para casa, indiferente ao que desencadeaste em mim (…ou em vazio).
Não há tempo para deixar sangrar. Qual fado de Prometeu, amanhã a batalha repetir-se-á e eu… eu estarei protegida, encolhida na penumbra da minha torre de vigia (estarei?).