Fora do alcance, de todos os olhares,
por sobre a areia quente, das dunas
transmutáveis, por acção do vento,
caminho, observando-te ao longe,
brincando à beira-mar, em conchinhas
pegando, cada uma com sua beleza.
Apenas te quero descobrir, em total
liberdade, guardando o céu, quando
este se junta ao mar, e, tudo parece
mais perto, quando as gaivotas decidem
poisar, e, as nossas recordações,
são a espuma das ondas, esbatendo-se.
Percebo então, que a água deve estar
convidativa, pois noto, que caminhas,
decidida, adentrando o mar, saltando
frágeis ondas, rindo-te, qual menina.
Meu primeiro instinto é ficar feliz por ti,
e, até o sol intenso, deixou de perturbar.
Resolvida a dar-te um pouco de descanso
e introspecção, sais da água e pões-te a
caminhar, na fímbria do mar, procurando
a areia molhada, onde tuas pegadas quase
não se notam, quando paras para reflectir,
sobre que é o amor, na vida das pessoas.
E o teu rosto ao vento, esvoaçante cabelo,
lembra a de uma autêntica esfinge,
soletrando palavras em silêncio, mas que
eu adivinho serem nossas e apenas nossas.
E, em simultâneo, sem que nos vejamos,
chamamos então pelo nome, um do outro.
Agita-se o mar, cavalos e galgos de ondas!
mas a felicidade é toda tua, pois hoje é o
teu dia. E, em anoitecendo, eu estarei lá,
pegando carinhosamente, em tuas mãos,
puxando-te para mim, em abraço firme,
buscando o puro mel, de teus lábios salgados.
Jorge Humberto
11/10/08