Poemas : 

adeus, para sempre adeus.

 
a única coisa que quero é acostumar-me à tua ausência
sorrir como quem morre
baixinho para não acordar ninguém
quero recordar menos vezes o teu rosto
sozinho à espera no meio
de nada
e dizer-te amor parece-me um lugar distante
mais longe as tuas mãos e os teus braços
ambos aninhados no que de nós ainda temos
sempre
a única coisa que quero é morrer de uma vez por todas
cercar-me de alguns medos
sozinha descobrir e redescobrir o meu caixão
feito da madeira dos teus ossos
e dizer-te para sempre
adeus


. façam de conta que eu não estive cá .

 
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Margarete
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Enviado por Tópico
FredericoSalvo
Publicado: 12/10/2008 13:04  Atualizado: 12/10/2008 13:04
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Usuário desde: 23/01/2008
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 Re: adeus, para sempre adeus.
A ausência nunca se faz completa, visto que está sempre habitada por imagem e vulto daqueles com os quais convivemos. Dá para se dizer adeus, mas não dá, definitivamente, para apagar dos pensamentos uma imagem de forma indelével.
Beijos e parabéns.
Frederico.


Enviado por Tópico
luísfilipepereira
Publicado: 13/10/2008 08:49  Atualizado: 13/10/2008 08:49
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Localidade: Lisboa
Mensagens: 15
 Re: adeus, para sempre adeus.
Muito bom Mar: forte carga e emergia poética no modo como escavas a ausência para que se instrua o texto na inevitabilidade da morte. Lindíssima a imagem, tingida de dor e de desnudamento da ftagilidade da condição humana: "sozinha descobrir e redescobrir o meu caixão / feito da madeira dos teus ossos", tão rente nos fica a poeira, a poalha da morte, a crueldade da despedida.


Enviado por Tópico
António MR Martins
Publicado: 13/10/2008 16:58  Atualizado: 13/10/2008 16:58
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Localidade: Ansião
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 Re: adeus, para sempre adeus.
Da imagem sombria fica a ténue vontade de não desejar partir...
O que quer descobrir é muito...mas terá o seu tempo certo.
Continue a deliciar-nos com a sua maturada escrita e leve-nos em elevação contínua até ao epogeu.
Gosto imenso de ler seus textos.