Poemas : 

A cruzada

 
Um dia fiz-me rei
E corri por aí numa cavalgada sem lei,
Deram-me um cognome impronunciável
Para marcar o mundo com as patas do meu cavalo...
Saí do meu castelo mais altaneiro
Que caía à razão de uma pedra por dia
Num rolar pela encosta do monte maior
Atrás das outras que já tinham descido.

Carreguei sobre gigantes e pequenos
Com o braço armado de espada e força,
Com o peito inchado de bandeira e pátria
E bradei tudo o que tinha
Em cima de tudo o que vinha...
Fiz-me rei e dono e quis ser imperador...
O mundo marcado era pouco para o meu cavalo
Que corria de cascos no chão e crina no vento.

Que fosse império, então,
Que o reino já me cabia numa mão!

Assim, um outro dia fiz-me imperador
E mandei a guerra fazer-se sem mim
E mandei construir o maior de todos os palácios
(daqueles que não caem nunca)
E mandei nascer mais soldados para a minha tropa
E mais cavalos para marcar o mundo que faltava
E mandei tanto que me esqueci de não mandar...

No fim sem que me apercebesse, sem que mandasse,
Sentei-me no trono para descansar
E o meu cavalo morreu com falta de mundo.

Valdevinoxis
(Reedição. A música é "Perfect Sense, Part I" de Roger Waters)

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A boa convivência não é uma questão de tolerância.


 
Autor
Valdevinoxis
 
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Enviado por Tópico
Tânia Mara Camargo
Publicado: 11/10/2008 23:07  Atualizado: 11/10/2008 23:07
Colaborador
Usuário desde: 11/09/2007
Localidade:
Mensagens: 4246
 Re: A cruzada
TEM TANTA GENTE ASSIM POR AÍ, QUE REINA
NA MAIS TRISTE SOLIDÃO, POIS SE ENCONTRA
DONO DO MUNDO E NÃO SE APERCEBE DA
SITUAÇÃO.

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 17/10/2008 22:12  Atualizado: 17/10/2008 22:12
 Re: A cruzada
Todos os impérios morrem. A história os mata, ou eles próprios se suicidam.

Belo poema,

DM