Um dia fiz-me rei
E corri por aí numa cavalgada sem lei,
Deram-me um cognome impronunciável
Para marcar o mundo com as patas do meu cavalo...
Saí do meu castelo mais altaneiro
Que caía à razão de uma pedra por dia
Num rolar pela encosta do monte maior
Atrás das outras que já tinham descido.
Carreguei sobre gigantes e pequenos
Com o braço armado de espada e força,
Com o peito inchado de bandeira e pátria
E bradei tudo o que tinha
Em cima de tudo o que vinha...
Fiz-me rei e dono e quis ser imperador...
O mundo marcado era pouco para o meu cavalo
Que corria de cascos no chão e crina no vento.
Que fosse império, então,
Que o reino já me cabia numa mão!
Assim, um outro dia fiz-me imperador
E mandei a guerra fazer-se sem mim
E mandei construir o maior de todos os palácios
(daqueles que não caem nunca)
E mandei nascer mais soldados para a minha tropa
E mais cavalos para marcar o mundo que faltava
E mandei tanto que me esqueci de não mandar...
No fim sem que me apercebesse, sem que mandasse,
Sentei-me no trono para descansar
E o meu cavalo morreu com falta de mundo.
Valdevinoxis
(Reedição. A música é "Perfect Sense, Part I" de Roger Waters)
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A boa convivência não é uma questão de tolerância.