Eis hoje em mim, profundamente.
A culpa que ataca intensamente
O poeta, à noite escura!
Pairam estranhas vibrações no ar,
Como se alguém longe, a reclamar...
Será isto um mal? Terá cura?
Sinto uma dor que não me pertence,
Mas aleija-me e o sono vence
Até que a saiba desfalecer!
Fico-me a doer, assim, inconformado,
Como se do mal alheio, fosse advogado.
E eu tão nada, sei defender!
E vagueando por maus pressentimentos,
Perco-me sempre, nos mesmos lamentos.
Penso-me tão anormal.
Que é isto cá dentro, ó senhor de mim,
Tanto queria não sentir-me assim
Nestas noites, tão mortal.
A sonhar com a paz , compreenção , amor,
Nunca serve a mais ninguém, o sonhador
Das horas de dormir.
Quando como hoje, o poeta em mim sinto
Sofro. Delíro. Não durmo e se minto
Mente-me o seu sentir !
Urbano da Vila . /84.