Às vezes na esquina encontro
O meu amigo,
Que banca a mesa,
Em um jogo que rouba de si mesmo.
Tenho outro amigo,
Que assa um boi vivo,
Só para ver se ele tem vontade de chorar,
Ele o meu amigo.
De vez em quando,
Encontro uma grande amiga,
Que vende a alma para o marido,
Em troca de um fâmulo rijo e gosmento,
Para engolir nas tardes mormacentas
De qualquer dia desses.
Achei um grande amigo,
Num intrincado problema comercial:
Vendera sua safra de incompreensão,
Para uma pequena, falida, inculta e imaginária república,
Que tinha hoje seus fundamentos econômicos,
Corroídos por crônica inflação.
Em belas tardes e nas pouco belas também,
Passavam por mim,
Meus ansiosos amigos,
Carregando as costas,
Sacos fartos de reluzente riqueza;
Talvez, pensassem na fartura de suas catacumbas,
Ou será que acreditavam numa orgia socialista?
Ao ver um grupo de grandes amigas,
Pensei tratar-se de algum concurso,
Mas, não o era.
Ali se tornavam públicas,
As aptidões da seleta descendência.
Não era por falta de motivos
Que os cães silenciavam.
Era muito mais um voto de solidariedade
A maternocracia casulosa que dourava
Produtos do próprio ventre.
Um padre amigo meu,
Após certificar-se do esvaziamento,
A que submetia suas prédicas costumeiras
Num repente de conciliação,
Trouxe para seu templo,
Todos evangelizadores da região
Hoje é dali que se insufla,
Crentes de todos os credos.
A igreja nunca mais ficou vazia!
Um dia desses encontrei
Na adega do vizinho,
Um amigo adepto de Maomé.
Amanhã serei cristão e amante de Salomé.
E terei como inimigo o muçulmano .
Talvez, antes que morra,
O meu amigo incite o populacho,
Contra meu talismã ateísta.
Consolei no prostíbulo da esquina,
Um amigo falocrata,
Que achara a esposa com um falo
Que não era o seu!
Às vezes o falo sai pela culatra,
Disse ao meu amigo.
Acatei a idéia de meu amigo taberneiro e bicheiro:
Tomei todo álcool do mundo,
Joguei em todos os bichos da floresta,
Larguei minha família e fui viver num puteiro!
Encontrei um pouco mais de sabedoria
Entre minhas novas amigas.