Apanhei o teu olhar distraído,
E coloquei-me na sua direcção,
Com a graça de não me teres percebido,
Tentei arrancar-te o coração com a suavidade da minha mão.
Como por magia imperfeita, fui evocando…
Da última vez que ia desejando,
Foi tão alto até onde cheguei,
Que em queda livre caí, voltei,
E por ti não chamei!
Mas de mansinho apareceste,
Como se num dia de vento tivesses sido trazido até a mim,
Por azar não reparaste,
Que foste tu que encontraste, o meu jardim,
Oh flor com cheiro de Jasmim!
Ah! Como é belo o teu ser, num planalto,
Mas eu já não posso voar tão alto,
Se não me agarrares no fim
Pois cairei no anoitecer,
Quando a tua máscara descer,
Como aconteceu na altura do Orfeu,
Serás apenas mais um que pertence ao museu.
Cigarrinha