Poemas -> Esperança : 

a voz da minha consciência calou-se

 
Enquanto escavo na rocha granítica
com uma gasta picareta,
estilhaços de quartzo, feltespato e mica
sangram-me as mãos, os braços e as vestes.
Não sei que mina é esta que esgravato;
sei que fica
na distância que sobeja entre o aço e a pedra reluzente...
escavo ao ritmo cardíaco,
entre cada expiração forçada,
pancada a pancada.

Hiperclorito de sódio
lava mais branco.

Espeleologia...


Sou fiel ao ardor,
amo esta espécie de verão
que de longe me vem morrer às mãos
e juro que ao fazer da palavra
morada do silêncio
não há outra razão.

Eugénio de Andrade

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Autor
Rogério Beça
 
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 09/10/2008 08:56  Atualizado: 09/10/2008 08:56
 Re: a voz da minha consciência calou-se
Tanto a poesia bate na rocha que acaba por a furar. Gostei. Até porque esta temática da força da poesia me é cara. Abraço

Enviado por Tópico
Nanda
Publicado: 09/10/2008 17:45  Atualizado: 09/10/2008 17:45
Membro de honra
Usuário desde: 14/08/2007
Localidade: Setúbal
Mensagens: 11099
 Re: a voz da minha consciência calou-se
Rogério,
Escreves com muita imaginação e graça tudo o que o espelho da tua alma reflecte.
Apreço
Nanda

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 11/10/2008 02:42  Atualizado: 11/10/2008 02:42
 Re: a voz da minha consciência calou-se
Calou-se a consciência mas a imaginação e a originalidade ocuparam-lhe o lugar! E que poema lhe renderam...
Beijinho!