Na doce ternura, de quem repara a chuva
caindo, acendo um cigarro e vou à janela,
fechada, para todos os efeitos, e, o vento,
soprando rumores, indicia tarde chuvosa.
Tudo parece intensificar sua textura e cor,
desde as folhas, das árvores, mais verdes,
do que é costume, até às flores vergando,
ao peso das águas, que caem, insistentes.
Ao longe como que zurzido por pedrinhas,
a chuva ao cair no rio salpica por onde cai,
deixando sensação de um certo desnorte,
principalmente para pescadores perdidos.
Chuva e vento, inundam a terra de cheiros
e demais fragrâncias, expostas ao relento.
Nada escapa ao seu fulgor e a intensidade
é tal, que, nos deixamos absorver, por ela.
Alheio a tudo isto, meu canário branco pia
e canta odes graciosas, animando este dia
cinzento, onde o céu, parece se esconder,
envergonhado plo mau humor do Outono.
Particularmente é neste ambiente que me
sinto mais inspirado pra urdir meus versos.
Não me perguntem porquê, mas as chuvas
trazem-me a tranquilidade, que eu anseio.
E, assim, enquanto vento e chuva, insistem
no obedecer à natureza, fustigando tudo e
todos, no sossego de meu quarto deixo-vos
este poema e alguma nostalgia do passado.
Jorge Humberto
07/10/08