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carta a vergílio ferreira

 
é de longe que te vejo atrás do monte, sentado com o luar a beijar-te a testa, à espera que aparição assim se revele incerta como o tempo que te negou o amor descomprometido de sandra, a ingenuidade tardia de cristina sentada ao piano ao fundo da sala. daqui ouve-se a música, para sempre a música dos teus passos inquietos pela casa à procura do teu pai já morto, o princípio do mundo até ao fim dos dias que nos restam em dias de víndima presos nas mãos da mãe que te não fora, tudo isto vejo eu de longe, que de perto não me foi permitido ver-te e nascer alguns anos mais tarde foi ainda suficiente para te ver chorar todos os mares. e não há estrelas na noite virgílio, não as há tão puras como as dizias, agora estrelas só as do mar, presas aos corais que o homem ainda não conheceu que as outras estão gastas como os dias dos que te não lêem.


. façam de conta que eu não estive cá .

 
Autor
Margarete
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