Na exaustão do esquecimento,
Mergulho no meu pensamento,
À espera de ti em mim,
Convido-te para esta ilusão,
Em que vivo só, e só nesta solidão.
Ai como gosto desta ausência,
De perder o chão desta crença,
De que é feita a vida falida,
Preciso de me sentir esquecida,
Apagada nas memórias mas não na vida.
Como é bom a transparência,
Sem ter marca no momento,
Fingir que não estou, que não vejo,
Falar comigo mesmo,
E dizer tudo o que penso.
Posso até parecer sozinha,
E enganar muitos cegos alheios,
Mas vivo, falo e conheço,
Discuto comigo noutros meios,
Não guardo em mim devaneios.
Não sou só o que pareço,
Sou mais do que avalio na medida,
Mas confesso que gosto…
Por vezes é bom ser esquecida,
No pensamento e não na vida!
Cigarrinha