há qualquer coisa que incomoda, que rasga a pele neste tempo, que atravessa as paredes da alma para ser presença perpétua. há qualquer coisa que se intromete, que interrompe a vida e dá alguma graça à morte, qualquer coisa que desfaz o gelo dos pólos do corpo e faz naufragar os barcos, qualquer coisa que nos afoga em lágrimas. há qualquer coisa que incomoda, que pesa nos pés ao ponto de não conseguirmos caminhar, que rouba as palavras e as devolve em silêncios, que mata os órgãos, um a um, de dentro para fora, qualquer coisa tão dentro que a mão não a sente mas o coração toca, qualquer coisa tão forte que o peito inchado rebenta. qualquer coisa que basta para que nos empurremos ladeira abaixo. parte incerta que acanha, esmorece, amedronta e tece de morte a vida.
. façam de conta que eu não estive cá .