Nasce mais uma manhã esplendorosa,
onde tudo é possível, até o irrealizável.
Em suas águas claras, plenas de cores,
sobe a manhã, gradualmente, pelo rio.
Em suas margens, parece descansar e
aguardar, a transmutação da sombra,
que, persiste, em se esconder do sol,
reclamando sua grandeza e soberania.
A quem repara nas plantas, orvalhadas
pelo róscido matinal, e se debruçar um
pouco para ver, logo estas readquirem
toda a textura normal, suas multicores.
E, ao fundo, sem que perceba, o como
nem o porquê, um belo roseiral, fez aí
sua casa, e, não resistindo colho rosas
com agrado, tua figura como pretexto.
Gosto de vaguear assim, e, deixar-me
absorver, pela natureza, circundante.
Deitar-me junto a uma árvore e fechar
os olhos sem pensar em nada de nada.
Que bom é pensar em nada e do nada,
apenas o que nos rodeia, que é tudo.
Nascidos para interagir, com o mundo,
sermos a natureza, em toda sua força.
E, cai uma chuva agradável, molhando
tudo à sua volta sem ter complacência.
Saio debaixo de minha árvore e sinto,
que devo comemorar, imensa dádiva.
Sinto ser altura de regressar a meu lar,
e, olhando uma última vez, para toda
esta beleza, sinto-me como a um traidor,
que abandona tudo, só pelo conforto.
Oh, doce e corajosa, infância, partiste!
levando contigo minha recessa infância.
Hoje sou apenas mais um, entre tantos,
que, se distanciou, de sua subtil génese.
Jorge Humberto
04/10/08