Ex-fugitivos dos AI’s
Ainda carrego na memória
Fatos, choros
Medo, perseguição
Dos meus ainda poucos anos
Recordo-me de minha mãe
Aos prantos
E meu pai atrasado
Em tempos
De sumiços
Duraram alguns dias
Os choros nossos
Até meu pai ser libertado
E nossos choros cessaram
Ao contrario dos seus
Que mesmo reprimidos
E tentando sufocá-los
As marcas em seu corpo
Dizia sempre o contrário
Sorte de termos
O que só entendo hoje...
Fugimos com a ajuda de alguns amigos
E com dupla cidadania
Chegamos a Roma
Onde a falta de informação
Era completa e agonizante
Ao encontrar brasileiros raros por lá
O medo nos dominava
Pois não sabíamos se eram militares
Ou simplesmente
Outros iguais a nós
Ficamos durantes anos
Até que nos disseram
Que o país estava mais calmo
“seguro” novamente
Para voltar.
CB
Não Tente