Faz-se o tempo de pedaços de silêncio, deixa-se o corpo à beira do precipício, esperando que não caia pela força da gravidade. Levanta-se a alma em pleno sobressalto, o Sol põe-se no horizonte e os pássaros fecham as asas para adormecer. A noite vem devagarinho, trazendo com ela teu corpo adormecido. Percebo a tua chegada, com minhas asas abraço-te o corpo despido.
Meu peito é leito, meu corpo tua cama, minha boca o teu silêncio, minha língua tua amante. Inalo a tua essência perfumada de fragrâncias exóticas, canela, açafrão e anis. Teus cabelos são as ondas do mar que morrem na praia do meu ventre, teus seios colinas que subo sem cansaço, escorregando minha boca húmida até ao teu regaço.
Tuas pernas são carícias que se enrolam nas minhas, teus braços, o abraço que meu corpo domina, teus dedos brisas de vento que percorrem minha silhueta num só momento. Invades-me, sinto o calor do teu corpo derreter-se sobre o meu, vaga quente que me inunda de prazer, instante sublime que me faz crescer, em ti. Bebo dos teus lábios, a água doce que me inunda a boca, cerram-se os olhos...
Amanheces em mim, como se te houvesses fundido na minha pele, a aurora reclama o teu corpo, e o dia chama-me para acordar. Levas a minha alma e deixas-me a tua, porque logo à noite vais voltar para me amar.